Interessante artigo no JB de hoje de autoria de Gastão Reis Rodrigues Pereira, empresário e economista.
A partir do filme A Rainha ele comenta a solidez das instituições políticas inglesas. Deixando de lado a questão da Princesa Diana, o autor chama atenção para a desmitificação da figura da rainha da Inglaterra como um “pinduricalho inútil mantido no arcabouço institucional inglês“.
Na cena inicial, logo depois da vitória eleitoral do Partido Trabalhista o novo primeiro-ministro tem a primeira audiência com a rainha. Visivelmente nervoso, o vitorioso Tony Blair recebe instruções de como se comportar diante da rainha. As reverências e o fato de nunca poder dar as costas para a monarca, nem mesmo ao sair. Gastão levanta que a situação parece desconfortável para o cerimonial republicano de igualdade entre todos.
Deve-se compreender que na Monarquia o rei é o chefe de Estado por excelência, representando a nação e personificando o interesse público. Exerce sua aquela posição de forma apartidária, sem dever nada a grupos econômicos ou partidos. A reverência do primeiro-ministro é um lembrete que deve sempre se curvar ao interesse público e que está ali para serví-lo.
A última cena mostra Tony Blair caminhando ao lado da monarca detalhando suas ações específicas para a área de educação. É a prestação de contas semanal de seus atos a alguém que representa cada inglês com isenção maior do que se tivesse sido eleito.
No fim do artigo faz uma defesa do parlamentarismo monárquico. O presidente é o chefe de governo e chefe de estado, ou seja, “fiscaliza a si próprio (…), presta conta de seus atos a seu próprio umbigo. Muito menos semanalmente“. Este fato representaria uma qualidade intrínseca superior do regime diante do presidencialismo. Conclui dizendo que jogamos tudo isso fora e pede ao leitor que pense à respeito.
Um bom tema para reflexão.