Maioridade Penal

Está começando uma intensa discussão nos meios de comunicação, particularmente na internet, sobre a maioridade penal. Faz bem. Temas como esse devem ser discutidos pela sociedade e não ficar apenas restritos aos cabinetes de Brasília. Infelizmente nós temos deputados, mas não representantes. Eu “adotei” os meus e mandei e-mail perguntando a posição deles. Estou aguardando respostas.

Não é uma questão simples e existem bons argumentos de parte a parte. A redução pura e simples da maioridade ainda não me convenceu. Li um argumento muito bom ontem. Era dirigido aos que defendem a redução devido a utilização de jovens de 16 anos como membro de grupos criminosos para assumir a culpa em caso de imprevistos. Pois reduzir a maioridade para 16 fará os bandidos recrutarem meninos de 15. Tem lógica, embora ache que estatisticamente o mercado fornecedor de menores ficaria menor.

Pelo que tenho lido estou inclinado a defender a maioridade onde está. No entanto alguns crimes, principalmente os de caráter hediondo, deveriam alcançar todas as idades. A legislação deve proteger os menores, mas não apenas os menores delinquentes. E não apenas os menores. Atualmente nossa estrutura jurídica não está protegendo a sociedade. O ECA não serviu de nada para João Hélio Fernandes, este de 6 anos.

Os grupos organizados da sociedade já se apresentaram à defesa. Não de João. Mas da Maioridade aos 18. Não se iludam, existem trocentas ONGs recebendo uma grana preta para programas de “socialização” de menores. Quando o presidente falou ao seu partido no final de semana sobre o menino houve silêncio. Quando falou contra a redução da maioridade foi aplaudido entusiasticamente. O que me deixou em dúvida sobre a maioridade aos 18. Se o PT defende a atual legislação é quase certo que seja ruim para a sociedade.

Educação

Está chovendo dados por todos os lados comprovando o que muita gente já sabia: o sistema educacional do Brasil além de ser falido consegue ainda ser um dos piores do mundo. Está no nível da África subsaariana o que é incompatível para o PIB do país. É lógico que esta estrutura é mantida de propósito, não interessa à nossa classe política a educação de nossa população. E a grande prova está a caminho. O ministro da educação troca a cada ano, e é um dos ministérios considerados descartáveis na distribuição do poder. Tanto que já foi ocupado até por Tarso Genro. Rumores indicam que o próximo deverá ser Marta Suplicy. Só por aí já se imagina a “vontade” do governo em tentar melhorar a situação.

Não precisam muitos dados estatístico para descobrir que a educação de base é o que temos de pior em termos de educação, principalmente na escola pública. O grande motivo, para variar, é a constituição que colocou-a sob responsabilidade das prefeituras. A grande questão aí é falta de recursos. O Brasil é altamente centralizador em termos de arrecadação e os municípios vivem dependendo de esmolas dos governos federal e estaduais. Se for de oposição então o prefeito está virtualmente ferrado. Que federação, hein?

Já o governo federal, que tem a maior parte dos recursos investe fundamentalmente no ensino universitário. Fica difícil imaginar como vai resolver o problema no topo da pirâmide. Testes mostram que a esmagadora maioria de nossos alunos no ensino médio não conseguem entender o texto que leêm. O que vão fazer na universidade então é uma incógnita. O fato é que pagamos para que quem tem condições de pagar estudem (?!). Nessa hora os defensores das universidades públicas afirmam que existem uma boa porcentagem de alunos oriundos de escola pública nestas mesmas universidades. Só esquecem de dizer os cursos: letras, pedagogia, geografia, etc. Nada contra estes cursos, em qualquer país sério deveriam ser muito valorizados por lidar com o principal fator para o desenvolvimento: a educação. Só que no Brasil são cursos desprezados pela elite (odeio usar este termo mas não encontrei outro), que preferem medicina, direito e engenharia. Qual é a porcentagem de alunos oriundos de escola pública na medicina da USP? E na UFRJ?

O próprio sistema educacional está ultrapassado e não funciona. Ainda utilizamos técnicas de ensino de 50 anos atrás, e nesta tiro toda a culpa dos professores que não possuem condições, em geral, de se atualizar e buscar novas soluções. Mostram sim uma persistência e um amor à profissão invejável considerando as condições a que estão submetidos.

Tudo isso na visão de um leigo. Procure um texto ou um artigo de um especialista, de preferência sem viés político socialista (são raros) e o diagnóstico é ainda muito mais assustador. O mais triste é que não se vê melhoras, apenas a deterioração do que está aí.

Enquanto isso o governo gasta o tempo preparando cartilhas. Parece brincadeira de mal gosto. Infelizmente é.

Barbárie no Rio

Não dá nem para comentar muito o que aconteceu com o menino João, morto arrastado por um carro em assanto no Rio de Janeiro. Os criminosos foram presos mas como sempre um menor confessou a autoria para livrar os menores. O presidente desta Banânia já disse que não se pode tomar medidas no “calor” do acontecimento, bem como seu advogado (que também responde pelo Ministério da Justiça). É a mesma coisa que sempre falam por anos quando algo desta natureza acontece, só que quando serena fica tudo na mesma. Um “grande” protesto foi feito na Cinelândia com 100 pessoas. 100 pessoas! É o retrato de um povo que não possui capacidade de se indignar mais com nada, se é que um dia teve. Nosso bravos “movimentos sociais” só servem para a verborrogia de sempre, culpando a globalização e a exploração internacional por nossa mediocridade. E as ONGs já se apresentaram para defender o direito dos criminosos. O direito do João? Nem uma viva alma.

Todos estes atores se unem para defender justiça social. Pois que vão todos a merda! E com M maiúsculo. E ainda têm a coragem de dizer que os fascínoras são vítimas. Que “entendem” a revolta dos pais, que é a reação de uma pessoa “emocionalmente” envolvida. Pois não conheço o menino, nem a família, mas tenho humanidade suficiente para ficar REVOLTADO e INDIGNADO com o que aconteceu.

Odiar os criminosos? Não, bárbaros como eles existiram em toda a história da humanidade. Mas fico perto disso ao ler declarações de um monte de gente que deveria estar agora ao lado da família da verdadeira vítima, e não da violência.

Mas não é só isso. Também resta um sentimento de vergonha gigantesco de meu povo. Acho que mereçemos o destino que estamos vivendo. Só lamento que tantos inocentes tenham que pagar por isso.

Curtas no Globo de hoje

O excelente Demétrio Magnoli apresenta como o IPEA torturou os números do IBGE para dar respaldo a política oficial de combate ao racismo do governo. A conta é simples. Existem no Brasil 6% de pretos, 42% de pardos e 1% de indígenas. A soma de todos que não se consideram brancos são 49%. Aí é que entra a tortura ideológica de números. Segundo o IPEA estes 49% são negros. Claro que não são, estes 42% de pardos compões grupos de quase pretos, quase brancos, quase amarelos. São os amazônicos, os nordestinos do interior, e por aí vai. Sabe-se que média salarial dos 42% de pardos são menores que os 6% de negros. Cadê o racismo? Se considerarmos que a região sul-sudeste tem renda maior que norte-nordeste, e que nesta primeira região a predominância é de brancos ao contrário da segunda, pode-se concluir com facilidade que nosso desequilíbrio é regional, e não racial.

Uma parte do PT já começa a defender que o presidente possa convocar plebiscitos. Sem autorização do congresso. Arrepiou? O que eu tenho contra consultas populares? Nada. E tudo. Nada se for fruto da discussão dos representantes da população (por pior que sejam), tudo se for fruto da cabeça de uma única pessoa, com uma máquina a seu favor para influenciar no resultado. Lógico que o PT já apressa e dizer que não é questão da re-reeleição. Cada dia mais aparece esta estória. E agora pela primeira vez aparece um nome: re-reeleição.

O secretário nacional dos direitos humanos (normalmente de bandidos) defendeu ontem que os militares torturadores sejam julgados por seus crimes. Trata-se de dois pesos e duas medidas. Claro que o companheiro não defende que os criminosos do período também sejam julgados (podem escolher os crimes: sequestro, roubo de banco, assassinato, terrorismo). A anistia no Brasil foi ampla e irrestrita. Para os dois lados. Tentar mexer nisso agora só vai trazer confusão num episódio que ficou no passado.

Sei não

Claro que o prefeito de São Paulo errou feio ao enxotar Kaiser Paiva de um posto de saúde chamando-o de vagabundo. Nada justifica a falta de respeito. Mas tem mais coisa aí. A história que pinta do cara é tão certinha que começo a ficar em dúvida do que ele estava fazendo lá. Vejam bem, ele é pai de família, estava com o filho de 7 anos, foi líder comunitário, órfão de pai e mãe, estava com dor de dentes, empresário falido por uma lei da prefeitura (excelente por sinal). Sei não. Não estou dizendo que a estória é mentirosa, acho que é verdadeira. Mas a vítima da truculência do prefeito não tem um único senão? Nem um?

Cada vez que eu olho vejo uma estrela vermelha em segundo plano…