Quando Lula conseguiu seu segundo mandato uma colega me disse que não podia ficar torcendo contra o país, que tinha que torcer para o Lula dar certo. Na época disse que não era questão de torcer, isto é para futebol, era questão de analisar o que aconteceu, o que o presidente pensa e constatar que seria um atraso (na melhor das hipóteses) a re-eleição de Lula.
Não é mais segredo para ninguém que o mandato de quatro anos se constrói no primeiro ano, mais precisamente nos 9 primeiros meses. É quando o presidente, respaldado pelo apoio popular, tem a boa vontade do congresso para aprovar as medidas cruciais para que seu governo funcione. Depois aumenta o desgaste, os parlamentares já miram as eleições municipais. No segundo e terceiro anos de governo só se pode fazer ajustes pontuais, corrigindo a direção que foi dada no primeiro ano.
No último não se faz mais nada. A máquina vira-se toda para as eleições, o que ainda é mais grave se o presidente já está no segundo mandato e não pode mais concorrer.
Portanto, para funcionar bem o governo tem que aproveitar os primeiros 9 meses para aprovar seus planos para o governo. Pois estamos entrando no terceiro mês e o que aconteceu?
Na principal promessa de campanha, o crescimento econômico, rigorosamente nada. Foi parido um plano pífio, mais propaganda de marketing do que qualquer outra coisa, denominado (com rara sabedoria) de PAC. É um dos trocadilhos mais bem bolado dos últimos anos. Usa-se para Empacado, Pactóide, etc.
A reforma política já foi engavetada de vez, e as propostas que estão por aí visam mais resguardar os grandes partidos das interpretações do STF e TSE que dão benefícios absurdos para legendas de aluguel. O que se imaginava que iria melhorar com a cláusula de barreira já foi para o brejo.
Nem o ministério está perto de ser formar. Parece besteira, mas não é. Quase todos os ministros estão parados preocupados em conseguir se manter nos cargos e jogando suas fichas nas negociações políticas. Suas pastas estão às moscas. E o presidente não parece preocupado.
Se alguém acreditava que o PT tinha aprendido com a crise do mensalão pode desistir. As mesmas práticas voltaram a tona com tudo na eleição do Presidente da Câmara e já se fala abertamente na volta de Dirceu. Para que não sei. Já está mandando uma barbaridade mesmo sem direitos políticos. Aliás os três partidos que compuseram o mensalão com o PT já estão juntos novamente. Agora com o PMDB.
O tempo está passando e nada de concreto se apresentou para avançar na solução dos problemas do Brasil. Aliás aconteceu ao contrário. O presidente já falou que não há problema com as contas da previdência (é questão social), aceitou o calote da Bolívia (ainda bem que o índio de araque não pediu o Acre), respaldou uma ditadura (Venezuela), disse que a violência se combate com empregos e educação e já tirou mais de vinte dias de férias em um período de menos de 2 meses.
A única coisa que vi funcionar até agora foi o convênio inédito entre o MST e a CUT. Já rendeu até invasões de terra e São Paulo e Minas Gerais. Com anuência do Ministro da Reforma Agrária.
Torcer como num quadro destes?
Só posso torcer para estes 4 anos passarem depressa e os brasileiros pensarem um pouquinho melhor em quem apostar sua fichas.
Mas que o atual governo vai ser um fracasso retumbante não tenho a menor dúvida.