Entrevista com Delfim Netto

O neo-lulista Delfim Netto deu entrevista na Veja desta semana. Do que falou separei os seguintes trechos:

Não há liberdade quando os meios de produção são estatais. Porque o Estado só dá emprego e benefício para quem quiser.

Esta é uma realidade histórica seja em Cuba seja na antiga URSS. Se o Estado controlar toda a produção do país o trabalhador perde a liberdade pois tem a sua vida decidida por um único patrão. Basta perguntar a Boxer em A Revolução dos Bichos.

Se a desigualdade é natural em um mundo livre, é justo que as pessoas comecem a competir tendo as mesmas oportunidades de educação e de saúde.

O difícil é definir até onde vai o início. Entendo que o Estado deveria dar educação de qualidade à medida de suas possibilidades da alfabetização até o fim do ciclo técnico. Se o recurso é pouco, prioridade para educação de base e não nosso modelo anacrônico de começar pelas faculdades. A desgraça já está feita, e só se desperdiça o recurso público.


O setor privado precisa de duas garantias para investir: a de que haverá crescimento e a de que não faltará energia.

Na minha ignorância acho que faltou a segurança jurídica, mais importante até do que a certeza de crescimento. Investe-se mesmo em ambiente de estagnação se houver perspectiva de lucro. Mas ninguém investe se não tiver garantias que as leis serão respeitadas, e aí está o problema do Brasil. Enquanto as agências reguladoras forem ocupadas na partilha política e violações flagrantes a lei como os atos do MST forem permitidos o resultado será o que estamos vendo.

O constituinte de 1988 partiu da hipótese de que tudo o que fora feito no regime autoritário estava errado. Então decidiu fazer o contrário. (…) Instituiu-se, por decreto, uma sociedade do bem-estar de nível sueco num país com nível de renda que era um décimo do europeu. (…) ela consiste em várias declarações de direitos sem nenhuma indicação de quem pagaria a conta.

Este é o trecho que achei mais interessante. Realmente, faz tempo que acho a constituição uma peça utópica que obriga os governos a torturarem as leis para conseguir fazer alguma coisa. Foi feita por recalcados políticos anistiados, que resolveram tratar a constituinte como uma vingança particular contra os militares. Todos os bandidos passaram a ser tratados como perseguidos políticos e com isso passaram a ter direitos que muitas vezes impedem que cumpram pena, mesmo que condenados. O congresso passou a ter direitos muito além do razoável, na expectativa que não pudesse mais ser controlado pelo governo, o que se vê que saiu um verdadeiro tiro no pé, pois nem nos governos militares foi tão servil ao presidente como agora. Se a lei máxima da nação é esta coisa, o que esperar do resto?

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