PF: queimando o filme

A Polícia Federal merece um capítulo à parte na história do atual governo, pois deixou de efetivamente ser uma instituição do Estado.
De concreto na investigação do dossiê dos “aloprados”:

  • afastou o delegado que fez as prisões, bem antes da publicação das fotos para não dizer que foi consequência desta
  • intimidou jornalistas da Veja
  • quebrou “sem querer” o sigilo bancário de dois repórteres da Folha
  • quebrou em um “erro de digitação” o sigilo bancário de um sub-prefeito do PSDB
  • não apresentou até agora origem para um tustão furado dos 1,7 milhões

Ah, e o Ministro da Justiça afirmou que os “erros” cometidos foi devido à pressa das investigações.
Inspetor Closeau perde…

Só Para relembrar

Lula no debate na Band:

“Todo mundo sabe que o PFL e o PSDB que privatizaram esse país. Quando não tiver mais o que vender, o que ele vai fazer? Vai vender a Amazônia?”

Blog do Cláudio Humberto hoje:

“o presidente Lula já anunciou a decisão de privatizar várias rodovias federais, como a Régis Bittencourt e a Fernão Dias, que custaram sangue, suor e lágrimas do contribuinte.”

Cada um acredita no que quer…

Mais do Mesmo

Folha:

Maior responsável pela queda do Brasil no recém-divulgado ranking mundial de desenvolvimento humano, a educação teve seus recursos federais reduzidos no governo Lula.

De acordo com os dados oficiais, o setor recebeu R$ 31,5 bilhões do Orçamento da União no ano passado, equivalentes a 1,63% do PIB (Produto Interno Bruto). Nos últimos três anos do governo FHC, o gasto em educação se manteve no patamar de 1,73% do produto.

Deixa o homem trabaiá!

Não falei tanta besteira assim…

Agência Estado:

As empresas brasileiras pagam 23 taxas, que somam uma alíquota de 71,7% e levam 2,600 mil horas para serem administradas. Com isso, o Brasil ocupa o último lugar do ranking de tempo gasto para pagamento de taxas. A média é de 332 horas.

Os dados constam do estudo do Banco Mundial (Bird) e da Pricewaterhousecoopers sobre facilidade no pagamento de tributos. Foram comparadas alíquotas, número de taxas e tempo gasto para apuração, pagamento e controle de impostos em 175 países.

(…)

Outra conclusão do estudo é que taxas altas em países pobres estimulam a informalidade e reduzem a arrecadação. O estudo aponta três saídas: simplificar a lei, adotar preenchimento e pagamento eletrônicos e consolidar taxas.

A área financeira tem horror desta idéia: diminuir impostos para aumentar arrecadação. Acham que é trocar o certo pelo duvidoso.

Existem exemplos no mundo todo e em alguns estados brasileiros. Impostos extorsivos colocam empresas e cidadãos na informalidade, o que obviamente diminuem os que pagam tributos.

Um Pouco de Economia

Vou me arriscar um pouco nesta área, só para repetir o óbvio que tenho lido.

O presidente Lula afirmou na campanha que a prioridade para o segundo governo é o crescimento econômico. Realmente o Brasil tem crescido bem abaixo da média mundial, principalmente quando compararo aos países emergentes. O Vietnã por exemplo cresceu mais de 7% no último ano contra nossos 2,9%.

Qual são nossos principais entraves?

  1. Gasto público: enquanto o PIB cresceu 2,9%, o gasto público cresceu 6%. Não tem como fechar esta conta, estamos gastando bem mais do que o crescimento econômico. O próprio neo-petista Delfim Netto já alertou para o problema. Na campanha Lula defendeu o gasto público do seu governo. Após eleito sinalizou com sua redução. É bom mesmo.
  2. Impostos: uma vez li um estudo dizendo que embora os países desenvolvidos tenham carga tributária alta, com correspondente serviços públicos, no período de desenvolvimento esta carga era baixa. Funciona assim: enquanto não são ricos, e o estado não tem como antender com qualidade, os impostos são mantidos baixos para permitir o desenvolvimento. Depois aumenta-se os impostos. A verdade é que a carga tributária inibe o crescimento à medida que impede as empresas de investir na produção de riquezas, impede a formação de poupanças e freiam o consumo. Nossa carga tributária chegou no governo Lula (mantendo o rítmo do governo tucano) a 39% do PIB. E os sinais são de que ultrapassará 40%.
  3. Educação: existe um consenso que para o país crescer a mão de obra tem que ter qualidade. Estudos mostram que o salário relaciona-se com o nível de educação do trabalhador, e o nossos índices educacionais são pífios, para ser bondoso.
  4. Infra-estrutura: a nossa estrutura(?) de transportes é vergonhosa, ainda mais para um país deste tamanho que precisa movimentar cargas, seja para exportação ou mercado interno. O grande salto americano deu-se em grande parte à sua obcessão por uma rede de transportes eficiente. Paramos no tempo. Nossas rodovias estão apenas 10% asfaltadas, a maior parte em mal estado. O quadro também é preocupante na geração de energia. Mantendo o rítmo atual de crescimento baixo, já há quem aponte um novo apagão em 2009. Se crescer os 5% prometido por Lula a coisa piora ainda mais. É bom os investimentos sairem rápidos do papel. Para isso um dos pontos fundamentais é resolver os problemas com o Ministério do Meio Ambiente.

Em resumo, os problemas são vastos e de difíceis soluções. A diminuição do gasto público, por exemplo, passa por uma reforma da previdência. Diminuição de impostos? Difícil quando a principal preocupação do governo hoje é a prorrogação da CPMF.

Parece que vamos crescer menos de 3% este ano. Se isto de fato se confirmar, o crescimento econômico do primeiro governo Lula será igual ao crescimento econômico do primeiro governo FHC. Só que os últimos 4 anos foram ímpares para a economia mundial e perdemos este trem.

Lula tem que decidir qual o papel que entrará na história, pois livre das idologias, os futuros historiadores serão implacáveis ao retratar seu governo.

Como gosta de metáforas futebolísticas aqui vai uma: a bola está com o seu governo.

Resta saber como vai jogar o jogo.