No Brasil todos os partidos sem intitulam de esquerda. Em campanha todos defendem as idéias de esquerda. Um desavisado pode concluir então que só temos esquerda, o que na prática não corresponde à verdade.
Não existe por aqui 100% esquerda nem 100% direita. Aliás todos se intitulam centro-esquerda. O próprio eleitor é uma contradição em pessoa. Tem mais simpatia pela esquerda, torce pelos democratas nos Estados Unidos, mas recente pesquisa mostrou que na verdade defende os pontos associados ao conservadorismo. Um grande exemplo foi dado na eleição para senado no Rio. Jandira do PC do B liderava e era a favorita na disputa. Até que defendeu o direito de aborto. Pronto. Comprou uma briga com um bispo conservador do Rio e acabou derrotada. Lula e Alckmin fugiram da mesma pergunta na campanha. Nem que sim, nem que não. Como identificar então esquerda e direita?
Um dos pilares da democracia é o constante contraditório. Nem direita, nem esquerda podem ficar fazendo discursso sem este contraditório. Por isso é fundamental que exista no Brasil um partido que defenda abertamente as idéias conservadoras, e se declare com tal. É a partir do confronto de idéias que o brasileiro pode começar a contruir um pensamento próprio sobre cada assunto de interesse do país. Enquanto o discurso for de uma nota só, nada se ganha.
Hoje, na folha foi publicada uma entrevista muito interessante que aponta nesta direção. Trata-se de Kenneth Marshall, brasileirista da Universidade de Harvard.
Defende justamente a existência deste partido, e afirma que o PSDB falhou ao não defender as reformas liberalizantes de seu governo recente. Aponta os 9 primeiros meses do governo Lula como os decisivos. Depois disso o seu cacife eleitoral se perderá e dificilmente conseguirá implantar qualquer coisa.
Outro item interessante foi definir o PSDB como um partido de muitos caciques e poucos índios. A prova é o número de potenciais candidatos à presidência em 2010, o que teria sepultado suas pretenções em 2006. O PT, por outro lado, seria o partido com muitos índios e um só cacique (Lula). O desafio é conseguir alguém para tocar o barco em 2010.
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Entevista Kenneth Marshall